Maldito pneu furado

O dia estava ameno e promissor. Sol forte do verão, claridade intensa ofuscando a visão. Muita sorte. Nelson imaginou a expressão desalentada que Sheilla faria, se estivesse chovendo.

Ela estava na chácara da família. Para um churrasco ao ar livre. Seria um evento banal, se não tivesse um sentido especial. Sheilla iria apresenta-lo à família como namorado. O amor da sua vida, o felizardo com quem iria passar o resto dos seus dias.

Nelson dirigia com olhar fixo na estrada. Pensando nela. Depois de tantas mulheres, tinha finalmente encontrado a alma gêmea. Alguém que lhe causava, pela primeira vez, a impressão de que era imprescindível em sua vida. Que detinha virtudes que faltavam a ele, contrabalançando suas fraquezas.

Tinha uma tara incomum por garotas altas. Os 1,88m. dela despertou o interesse inicial. Mais alta que ele uns seis centímetros. Qual o problema? Até o ex-presidente da França, Sarcozy era mais baixo ainda que a deliciosa Carla Bruni. Ora! Contudo, não foi só isso que o fez apaixonar-se.

Possuía tipo físico que encaixava em suas preferências. Morena, cabelos negros e lisos, contrastando com a pele alva e aveludada. Rosto harmonioso, nariz afilado, lábios carnudos, sorriso encantador. Seios médios, coxas torneadas. As nádegas redondas e empinadas, realçando longas pernas.

Foi mais do que isso. Dizem que as bonitas são burras. Pura invencionice das frustradas, propagado pelas feias inconformadas. Uma maldosa vingança para amenizar complexos. Sheilla além de linda, era dotada de uma inteligência admirável. Tudo nela era cativante. O andar, falar, jeito brejeiro e exagero da perfeição: até a voz transmitia sensualidade.

Não tinha sido fácil conquistá-la. Sua fama de pegador era notória na roda de amigos. E como a conheceu através deles, foi difícil persuadi-la de que, com ela seria diferente de outras tantas. A pecha de superficial, volúvel e infiel era seu traço marcante.

Lembrou daquela noite. Seus pais viajando. A namorada em seu quarto, atraída pela curiosidade de ver fotos de infância do amado. Foi quando a energia caiu. Na escuridão total, só sentidos da audição, olfato e tato para guiar.

Nessa hora percebeu toda beleza daquela voz. Voz que dizia ¨-Não, para, para, o que você está fazendo?, aí não, aí não¨, tentando impedir arroubos da mão maliciosa que buscava estimular áreas pudicas. Os seios macios e os lábios da vagina, cobertos pelo tecido da calcinha. Esboçava fraca reação, se entregando cada vez mais, levada pelas sensações de volúpia e desejo.

O cheiro daquela fêmea enlouquecia Nelson. O hálito puro daquela boca, com aroma virginal convidava a dar beijos molhados, intensos. Línguas enroscadas como um par perfeito dançando tango, com seguidas paradas sensuais. Como chamas crepitando ao vento bravio.

Seu pênis agoniava, tal qual inconfidentes mineiros, inconformados com a derrama lusitana. Se bandeira tivesse, agitaria o ¨libertas quae sera tamen¨. Teve de libertá-lo. Desafivelar cinto, o botão do jeans, o fecho. Erguer o quadril, descer a calça e cueca. Tomar da mão dela, fazendo-a pegar na barra dura e inchada.

¨- Credo, benzinho, que que é isso? Para, amor!¨. A mão delicada esboçou uma fuga incontinente. Mais do que susto, as imposições sociais, a lavagem cerebral a que donzelas de respeito são submetidas, provocou o gesto. Nelson deteve a mão opositora. Com a sua firme, fez ela sentir a rigidez e textura do falo pulsante.

Sheilla já arfava, o corpo assumindo controle da mente racional. Ele queria. Ela também. Nelson prestes a tomar posse nos segredos mais íntimos, as maiores delícias que ela tinha para dar. O dedo ágil já escorregara por baixo do pano sedoso e elástico. Esgueirando lépido, estava no centro do vale do amor. Sentiu a umidade receptiva que denunciava o estado de prontidão da sua dona para o ato sublime.

Tudo estava perficiente e tão picante que até as deusas Hespérides se acaloraram. Com inveja dos amantes, fizeram com que a luz voltasse. A claridade repentina, ofendeu as pupilas dilatadas, destruindo a magia. Trazendo consigo a crua realidade e o pudor, entorpecidas pelo negrume cúmplice.

Se no início, Sheilla dizia que sexo só após o casamento, aos poucos, deixou essa irredutibilidade ser solapada. Admitiu um talvez promissor. E depois de persistente insistência, concordou que após assumirem o namoro oficial perante os familiares, iriam transar. Sempre o temor pela fama que o precedia.

Mais do que depressa, Nelson havia apresentado Sheilla aos pais. E agora estava indo conhecer os dela. Advogado, bem empregado num renomado escritório, a caminho da estabilidade financeira, de boa família, preenchia todos os requisitos para ser o genro sonhado por todos os sogros, por mais ogros que fossem…

Ainda assim, mesmo após um farto café da manhã, sentia um vazio no estômago. Aquele paradoxal frio na barriga, a ansiedade de saber se aceito seria, a preocupação de causar a melhor primeira impressão, já que aquela é que o acompanharia dentro do universo familiar da amada.

A mãe de Sheilla era viúva, um detalhe animador. Para Nelson, saber que não teria de enfrentar o crivo de um pai protetor e enciumado, o tranquilizava. Quando se trata de filha, a sogra sempre é mais maleável. Lembrou do namorado da irmã, tão criticado pelo seu pai e que tinha na sua mãe, a maior aliada.

Estava no meio de uma vilarejo rural. Muitas lombadas. Resultado das promessas de campanha dos políticos por maior segurança pública. Para cumpri-las, a instalação de redutores de velocidade e radares da indústria de multas. Nem mil metros e novamente a paisagem de mata virgem.

Atentou para a segunda entrada à direita. Uma estradinha rural, sem revestimento asfáltico. Entrou nela. Havia chovido e o escoar da água acentuara os sulcos da via. O sacolejar aumentou. Só a vegetação nativa ladeava o trecho. E após uma curva, um veículo parado. Sem ninguém.

Estava devagar. Quando passou por ele, viu o vulto de alguém, junto à um tronco de árvore. Preocupado, pensou em acelerar. Poderia ser um assalto. Era uma mulher que acenava, gesticulando para parar. Não estaria ela com comparsas ocultos, prontos para atacar?

Hesitou. O espirito de solidariedade naquele local ermo suplantou o temor. Ou o espirito do cavaleiro medieval a socorrer a dama em apuros é quem falou mais alto. Parou. A mulher se aproximou da janela e disse que o pneu tinha furado e não sabia trocá-lo.

Disse que estava atrás da árvore observando. Receosa de topar com malfeitores. E que ao vê-lo, se tranquilizou, avaliando-o como pessoa distinta e confiável. Ele com medo da dita cuja e ela com medo do dito cujo. Assim é este país, a nação do medo, onde as leis são feitas por bandidos e para os bandidos. Onde a impunidade e a injustiça impera…

Nelson abriu o porta-malas do carro dela. Retirou o pneu sobressalente e as ferramentas para a troca. A mulher, enquanto agradecia, disse que esquecera o telefone celular em casa e já estava ficando desesperada. Solícito, o rapaz tirou o seu aparelho do bolso e deu à ela.

– Se o problema é telefone, pode usar o meu, tá?

Ela pegou, dando um sorriso sedutor. Só então, o jovem reparou na mulher. Ar de madame distinta. Uma morena alta, com estatura para ser modelo, se não fosse a idade. Menos ou próximo de cinquenta? Ainda assim, linda, elegantemente trajada. Cabelos lisos e bem cuidados. Com óculos de sol os prendendo, aumentando o charme.

Uma mulher madura, fina e… alta como ele gostava. O tipo raro por quem tinha especial fetiche. Que desde a adolescência, sempre povoou a suas fantasias mais eróticas. Evento que seria jubiloso e feliz, porém, inadequado para o momento que vivia. Sua fidelidade sendo testada.

Se quando tentou Eva, o demônio usou uma maçã, desta vez, nem se deu ao trabalho de ser sutil. Fêz surgir em seu caminho uma das criaturas divinas, fruto da escrita certa por linhas tortas. Melhor, linhas curvas. E que curvas!

Estavam numa região de chácaras de alto padrão. Onde endinheirados construíram mansões para lazer no campo. Pelo carro, a dama deveria ser alguém de posses. Os brincos, o anel e as pulseiras eram discretas, contudo, não precisava ser um especialista para avaliar que eram joias de alto valor. A blusa leve de seda, a calça justa de tecido brilhante e as sandálias de salto alto, tudo combinando.

Ela que se afastara um pouco, ligou e falou rapidamente. Nelson estava agachado, elevando o veículo. A senhora devolveu o telefone móvel, agradecendo mais uma vez. Ao abaixar o tronco, suas cabeças quase se tocaram. O jovem aspirou o perfume que o corpo dela exalava. Um aroma primaveril em pleno verão. Como tivesse acabado de sair do banho naquela hora.

Nem ouviu direito a explicação de que estava indo até a venda da vilarejo para comprar carvão e álcool, pois, o que tinha em casa estava úmido e não pegava fogo. E o maldito pneu tinha furado justo naquela hora. Como se o furo de um pneu, tivesse alguma hora própria para acontecer.

Enquanto girava a chave de rodas, moveu discretamente a cabeça, olhando de soslaio para a dama, plantada a menos de meio metro. Retirou o pneu avariado e pegou o sobressalente para por no lugar. E a dama para observar melhor, tinha se curvado para frente, bastante pela elevada estatura. Tal postura empurrava as nádegas para trás, deixando-as mais saltadas.

O traseiro polpudo, de montes redondos, forçando o tecido acetinado e justo. Nelson imaginou o quão delicioso seria agarrá-la por trás, encostar e esfregar a pélvis naquelas carnes apetitosas. Imaginou como seria o rego no meio daqueles montes opulentos. Um sulco escuro onde se encaixaria forçado a glande rombuda do seu mastro. Que estava inchado de forma rotunda, tomado por violenta ereção.

Abaixou-se rápido para ocultar o volume que formara no baixo ventre. Tentou se concentrar na tarefa que executava. Evitava olhar aquele longo par de pernas torneadas, mas, mesmo sem olhar, sentia a presença delas. Podia vê-la, lindas e sensuais, em imagens que como vaga-lumes em noite de verão, piscavam em seus neurônios.

– Vejo que você não usa aliança. É solteiro?

A pergunta dela parecia uma daquelas, corriqueiras, para iniciar uma conversa. Sem se voltar, respondeu:

– Ainda. E a senhora também está sem aliança, o que não dá pra acreditar…

Pensou em aproveitar a deixa, elogiando a beleza dela, mas, deveria apelar para algo diferente. Lembrou-se de um artigo sobre as preferências das mulheres bonitas, que mais do que a aparência física, preferem ser enaltecidas pela capacidade intelectual. Mas, como elogiar sua inteligência, se mal a conhecia? Não, soaria falso. Resolveu ser sincero e continuou:

– Linda e elegante assim, deve chover homens na sua horta!

Moveu a cabeça, reparando de soslaio a reação que causara. Ela apenas sorriu agradecida. E não disse nada, encerrando o diálogo. ¨-Que idiota eu sou¨, pensou Nelson, reconhecendo a incompetência em aproveitar a deixa que a madame incrível havia proporcionado.

A região genital continuava agitada e sensível, captando as ondas de calor que emanava do corpo tão próximo. Terminado a troca, para se levantar, teve de virar o quadril para o lado, dissimulando seu estado. Abaixou o veiculo. Apertou bem as porcas e guardou tudo no porta-malas.

– Puxa, que sorte você aparecer! Quanto que eu te devo?

Pensou em dizer ¨-um beijo¨, hesitou, e depois, como um naufrago ante a corda salvadora, arriscou:

– Mil dólares! Mas pra uma mulher tão bela, tão maravilhosa, tão..tão tudo, eu faria de graça e ainda, viajaria junto até os quintos do inferno, para quando o pneu furasse de novo…

Já estava arrependido pela ousadia, quando ela abriu um largo sorriso encorajador e falou:

– Para ter uma coisinha dessas junto comigo, pra cima e pra baixo, eu pagaria bem mais que mil dólares…

E se aproximou mais, fitando-o de modo enigmático e provocante. Existe algo imperceptível que atrai as pessoas de modo inexorável. Um magnetismo que cria o ambiente diferenciado, envolvendo dois seres nessa atmosfera só deles, algo mágico que os empurra um para o outro.

A mitologia usava a figura de Cupido flechando corações. Os alquimistas falam em química. Amor à primeira vista, odores dos feromônios e outras definições. Impulsos que garantem a perpetuação da espécie. A atração para o acasalamento. O que Nelson pensava ser ligação de uma via, era na verdade recíproco. A mulher também estivera apreciando o macho jovem.

Ele, Nelson, tinha sido premiado pela natureza. Alto, corpo atlético, moreno, 26 anos. Olhos negros e profundos. Rosto de feições harmoniosas, alguém que não só a mãe dele, mas, dez em dez mulheres avaliariam como muito bonito. Se a aparência facilitava aproximação, sua inteligência e senso de humor garantia a conquista.

As mãos estavam sujas. Isso o incomodava, porém, não o impediu de enlaçar a cintura da mulher com os antebraços. Olhos nos olhos, as cabeças com leve inclinação, lábios entreabertos, prelúdio do beijo, de leve. Ambos aspirando o cheiro do outro, o tal hormônio da atração. O beijo se aprofundou, ficando molhado, de língua .

Ela com as mãos delicadas na nuca do rapaz, colando o quadril. Sentindo a protuberância formada pelo falo endurecido. O instinto a fez rebolar, esfregando as partes íntimas, aumentando a tensão de ambos. Ele correspondeu, com beijos ardentes que mudaram de foco, passeando pelo pescoço, orelhas, descendo até o colo no decote da blusa.

Ela abriu um, dois botões, facilitando o contato explorador no vale dos seios. A boca faminta a empurrar a borda do sutiã, protestando pela exiguidade do espaço. Generosa, a mulher colaborou ainda mais, expondo o mamilo redondo e firme. Permitindo o ataque sôfrego ao biquinho acastanhado e enrijecido.

Um lampejo de lucidez assolou o casal. A pequena pausa suscitou nela, a percepção da atitude insensata de estar nos braços de alguém que mal acabara de conhecer. Coisa de mulher fácil. Orientada a evitar pela mãe e que por sua vez, ensinara a filha a jamais fazer. Que nem mesmo, nos anos de viuvez, jamais se atrevera a fazer. Porém…

A parada momentânea trouxe divagações nele também. Era um dia importante. Sheilla o aguardava. Antes dela, teve incontáveis romances. Nunca precisou se esforçar para ter mulheres em seus braços. Depois de conhecer Sheilla, diminuiu o ritmo das conquistas. Ela deixara claro que jamais perdoaria uma infidelidade. Ele se esforçando para atender as expectativas dela. Afinal, já encontrara a mulher da sua vida. A companheira ideal para o resto dos seus dias. Porém…

Se podemos culpar alguém, esse alguém tem um nome: o ¨porém¨. O dela era a carência sexual. A necessidade de viver emoções intensas que só o orgasmo proporciona. O passar do tempo inexorável, a idade advertindo que nenhuma oportunidade deveria ser jogada fora. As fantasias irrealizadas, ora possíveis, um ensejo inusitado, com um rapaz jovem, bonito e bem apessoado.

O dele pelo puro instinto de macho predador. A motivação de espalhar genes espermáticos, no maior numero de rachas receptoras que pudesse encontrar. Uma vez mais somente. Com certeza a ultima, que seria penúltima na próxima vez, já que a ultima anterior passaria agora a ser a ante-penúltima.

Nelson vivia, mais uma vez, aquele instante em que, o cérebro faz o organismo aumentar o fluxo de sangue na genitália e este, fortalecido e hirto, toma conta das ações. Anulando a razão consciente, soltando os freios lógicos, enchendo a mente de realizações libidinosas.

Apesar do veiculo dela ser mais espaçoso, optaram pelo dele, buscando um ninho mais reservado graças aos vidros filmados. Trocando carícias voluptuosas, foram se desnudando, roupas atiradas sem qualquer cuidado. Admirou a beleza da lingerie que ela usava. O desenho, textura, tudo denotava exclusividade, alto valor.

Uma fêmea como aquela merecia ser degustada de forma demorada. Todavia, o tempo era escasso. O suficiente para uma rapidinha. Ela mamou deliciosamente na verga rígida. Algo que não fazia há muito tempo. De forma sôfrega, babada. Beijava a cabeçorra, afastava o rosto, apreciava o membro grosso e intumescido, lambia e voltava a abocanhar.

Nelson retribuiu chupando com voragem a fenda acolhedora, levando-a seguidos ápices de prazer. Nessa hora, a imagem da amada se esvaneceu completo da mente, como algo longínquo, puro platonismo quimérico. A realidade era os tremores daquele corpaço à sua frente, em orgasmos seguidos.

Os gemidos arfantes dela, a expectativa de possuir uma mulher incrível, fina e elegante, fazia vibrar cada músculo do seu corpo, tomado pelo desejo. Sem hesitar, introduziu a estaca intumescida na toca encantada daquele mulherão, copulando a princípio de forma licenciosa e depois,cada vez mais, impetuosa e voraz.

A fricção da carne na carne trocando calor, a penetração profunda e a respiração arfante e lasciva, causavam turbilhões de prazeres a ambos. O odor de sexo impregnava o ambiente. A vagina gulosa engolia e expelia o mastro inchado, movimentos concatenados buscando cada qual, maior prazer, o próprio gozo.

Apesar dos bancos rebaixados, o porte alto daquela coroa deliciosa e o tesão que impulsionava os amantes, provocava inevitáveis encontrões no volante, cambio e painel. Um desses movimentos bruscos, quebrou a alavanca do acionador do limpador de para-brisas, que se pôs a funcionar a seco, em pleno sol a pino. E quem se importava?

Pelos lábios da fenda dela, escorria farto o mel luxurioso, tantas foram as turgescências orgásticas. Ele estocava o cajado teso arrebatadamente, açoitando o monte proibido. Gemidos, grunhidos, gritos lascivos faziam o fundo musical. Quem olhasse de fora veria o veículo balançando, dançando ao ritmo da cópula.

O sexo animalesco continuou, até explodir numa ejaculação impetuosa da parte dele. Sua gala inundou o túnel do prazer. Mesmo quando imobilizou o corpo, saboreou a sensação do pênis continuar palpitando, vivo, profundamente enterrado na gruta perseguida.

Vestiram apressadamente. Só então, ele se apresentou com o nome de guerra ¨Luiz¨. Ela passou o numero do celular, que ele digitou. Deu um toque para o numero ficar gravado no aparelho da amante. E combinaram novos encontros.

Nos homens, após ejacular, a glande encolhe e se oculta no prepúcio, devolvendo o controle e sanidade à cabeça de cima. Para essa cabeça racional, via de regra, acaba sobrando as consequências dos atos ordenados pela de baixo.

Ela mais tranquila, já que avisara os seus pelo problema do pneu furado. Nelson em desespero, forjando mentalmente desculpa convincente para o atraso. De que teria errado o caminho e se perdera. Iria imaginar a situação e de forma imaginária, repetir o álibi, tantas vezes quanto necessário, até que ele mesmo, se convencesse na verdade da mentira.

Ela foi comprar o carvão. Ele se apressou em direção da chácara. Antes, se cheirou por inteiro. Sentiu o aroma do perfume caro que a mulher usava. Sabia que ao chegar, Sheilla iria cobrar um beijo. Parou, desceu, quase chamuscou as mãos sujas na fuligem do escapamento. Esfregou-as no rosto.

Dirigindo, dentro do carro, o cheiro do perfume dedo-duro parecia mais forte, impregnado no cabelo, rosto, mãos e pescoço. Abriu a janela , colocou a cabeça para fora e acelerou, buscando socorro no vento cúmplice, como se ele pudesse levar para longe a evidência da infidelidade.

Ao chegar, incomodado, antes mesmo de descer do carro, estendeu ao alto as palmas da mãos imundas. Tal qual faria o bandido, se rendendo ao xerife em filme de faroeste. Vendo-a se achegar, desviou o rosto enquanto dizia de forma afobada:

– Desculpe, amor. Deu tudo errado. Quase que não chego aqui. Me perdi no caminho e o carro deu problema. Estou sujo igual um porco. Onde é o banheiro?

Para mais veracidade, continuou a farsa, xingando indignado o pobre veiculo, enquanto disfarçava o coração batendo de forma acelerada, se dirigindo lépido em direção do lavatório salvador. Diante da pia, se serviu de porções generosas do sabonete, rezando para que a espuma cheirosa acobertasse o perfume da outra.

O selinho da amada e expressão normal, tranquilizou seu espírito agitado. ¨Dessa me safei!¨, pensou. Foi quando suas pernas bambearem, deixando o grogue, como atingido por uma paulada na cabeça, ouvindo Sheilla dizer:

– Benzinho, você não cruzou com minha mãe no caminho? Ela foi comprar umas coisas na venda. Ligou pro meu irmão e disse que o pneu tinha furado, mas, alguém estava trocando pra ela…

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